a prostituição vista por nós mesmas
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o processo
nossos olhares
exposição virtual
o que você não vê
ficha técnica
relatos
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Olha, essa foto é muito expressiva, pelo seguinte. Deus não da asa a cobra, né? Eu tenho muita vontade de viajar assim vários países. Esse teto é do maior shopping de Dubai. E, assim, eu namorei um rapaz Angolano durante quase quatro anos e ai ele colocou essa foto no perfil do WhatsApp dele, e eu fiquei louca com essa foto, e eu falei "Que coisa linda! Que teto lindo!". E ele falou assim: “amor eu tive em Dubai e tirei essa foto” (que a gente é muito amigo hoje). E aí eu falei "nossa que maravilha", então eu fiquei tão encantada com a foto que falei "essa foto tem que ir". Que é o teto do maior shopping, e eu achei essa foto maravilhosa. É uma foto que expressa algo para mim, que é que eu ainda vou ai!
eu ainda vou ai
Estou meio assim, uma coisa de outro mundo sabe...nossa, como o Rio está tão bonito, mas parando bem para pensar, a gente para e pensa, não há nada para nós... nada. Tudo é feito para manter uma aparência para eles, para fora, para a gente não.
Monique Santos
Beth
Paula
Pra mim, assim, me motivou bastante o projeto. Quando eu fui convidada pro projeto eu tava numa situação, assim, muito depressiva, em casa, fechada, e a Indianara me chamou pro projeto, falou que tava rolando o projeto, falei quero sim, quero participar, eu adoro tirar foto, e me motivou a sair de casa, sair da depressão, eu consegui sair pra vários lugares, eu tava com fobia de sair na rua, eu queria ficar um pouco em casa, mas tirar as fotos, fazer vídeos me motivou bastante, e também ver as mudanças que teve no Rio de Janeiro, no Boulevard, lá no Morro do Outeiro, no Parque Olímpico, as estações do BRT, as obras de mobilidade urbana, as pessoas que eu conheci, as experiências que eu adquiri no período que eu tirei as fotos, o vídeo. Ai foi maravilhoso.
Maya Hoffman
Gabi
Paula
Maya Hoffman:
Beth:
Maya Hoffman
Cristiane
Beth
Paula
Por trás das câmeras: relatos de oficinas e conversas do WhatsApp
Gabi
Paula
Giovana
Natasha Roxy
Naomi Savage
Amanda
Cristiane
Gabi
Gabi
Maya Hoffman
Monique Santos
Fabrícia
Amanda
Giovana
Giovana
Paula
Gabi
Cara, a gente vê muita cena de preconceito, entendeu, com a gente, e a gente pode vir a passar por situações que a gente não precisaria passar, entendeu…tipo, nossa, quantas vezes a gente anda na rua e os caras te olham meio assim por você fazer programa, as pessoas não respeitam a gente, muita gente respeita mas muita gente não respeita também. Então cara, se a gente não cuidar uma das outras, cara, ninguém vai cuidar cara, ninguém.
Para mim, o local, o lugar do Rio de Janeiro que mais modificou que mais sofreu modificação foi a Praça Mauá, mudou 100%, mudou completamente.
Eu fiz poucas fotos durante o período da pesquisa, eu fiz mais um trabalho de seleção de fotos que eu já tinha e legendei essas fotos de acordo com algumas coisas que eu queria mostrar que são importantes pra mim, que eu acho que falam sobre a minha vida e que eu acho que falam sobre o universo da prostituição. Então foi muito um trabalho de seleção, de edição do meu álbum de fotos desde que eu comecei a fazer programa... E peguei algumas fotos, assim, tipo eu lendo um livro num cafézinho literário “cultinho”, ai tirei a foto da capa do livro e escrevi: “Puta também lê Bukowski”, pra poder desconstruir essa coisa de que ou você é corpo ou você é mente, né? então a garota de programa, ela é da ordem do sexo e do físico e ela não raciocina e ela não pensa, então ela é uma boneca inflável. Ai eu tentei trabalhar em cima dessa coisa, de que as mulheres todas elas, não só as putas, são corpo e mente também.
Eu to doida pra editar os vídeos que eu fiz com a Flavia. Eu não vejo a hora de eu mesma editar... a gente fez uns vídeos, assim, no Boulevard e ficou muito bonito, fiz fotos. Eu quero eu mesma editar. Eu to aprendendo a mexer no editor, to editando, aprendendo a editar, pra poder aprender, né? também, né? não ficar só a questão das fotos, fazer as fotos e acabou. Eu quero aprender a como fotografar, como editar, como fazer as coisas, eu to gostando, eu gosto de fotografia. Eu to fazendo um curso agora, eu comecei o curso sábado passado de fotografia lá na Maré, ai me motivou bastante o curso.
“[O projeto] me fez ficar mais atenta, eu passei a olhar mais detalhes, é uma árvore colorida, um grafite, uma parede, eu passei a ter mais atenção a isso. Que são coisas que realmente estão no meu dia ao dia, mas as vezes a gente passa despercebido , a gente nem presta atenção, e sempre estão ali, são coisas que sempre estão ali em nossa frente e a gente acaba deixando passar despercebido. Igual, tem uma foto minha que sou eu fazendo unha, são coisas de nosso dia ao dia que em outro momento não seria fotografado, mas por estar participando do projeto, falei não, acho que isso seria bacana e tal. pedi pra uma outra pessoa ta fazendo aquela foto, apesar da ideia ter sido minha, eu acho que vai muito por ai assim.”
Ah, foi um processo inovador, motivador, e eu to  um pouco triste, porque é assim de época, né? Não é permanente,  uma coisa permanente, é eventual. Então eu fico assim pensando, poxa,  vai acabar. Eu queria continuar, rever minhas amigas e tal, né? Eu me sinto motivada, me sinto  cheia de esperanças e expectativas. É isso, é expectativa de um futuro melhor, eu fiquei muito muito muito realizada, a palavra chave para mim é realização,  muito realizada mesmo.
Eu acho que é bacana porque você passa a prestar mais atenção nas coisas. Uma coisa que você não prestava atenção, agora você vai prestar atenção. Coisas que eu falo, pra mim não existia, não tinha nada a ver, hoje em dia pra mim é diferente,  já existe.
Não sei se a prostituição é invisível, acho que pelo contrário, acho que ela chama muito a atenção, é uma visibilidade problemática, assim né? entre aparecer e não aparecer. Uma das casas que eu trabalhei, por exemplo... é uma casa grande, enorme... onde o perímetro urbano é caríssimo, num bairro de família, um bordel gigantesco, na frente do bordel tinha um bar, que os donos do bordel compraram pra poder dar mais privacidade pro estabelecimento, e nesse lugar onde o perímetro urbano é caríssimo esse bar na frente do bordel ta fechado, porque não pode funcionar nada pra poder manter a privacidade dos clientes e tal, não tanto das garotas, mais dos clientes. Mas, assim, todo mundo sabe, né? que é um bordel ali. Então é uma convivência assim não sei, muito caracterizada, uma coisa bem estranha, bem problemática, eu não diria que a prostituição é invisível, eu diria que ela tem uma visibilidade muito específica, e a gente fica tentando rebolar pra poder lidar com isso...
Eu acho que uma das fotos que eu mais gostei foi no parque olímpico na Barra, foi bem interessante, eu gostei muito. Inclusive indo também dentro no ônibus, foi a maior bagunça, aquela animação toda, né? É, um pouquinho do mundo ali dentro, todo mundo misturado, inglês, franceses, alemão, brasileiro, então aquilo ai foi bem interessante.
Natasha Roxy
Maya Hoffman
Natasha Roxy
Meu dia hoje foi muito bom, fui dar uma volta na praia, atendi dois clientes, um cliente que atendi hoje vou atender amanhã de novo. E foi tudo perfeito. O movimento na praia está bom, o movimento está melhorando, estou bem feliz com o trabalho de hoje.
Boa noite minha linda, que bom, que bom, é bom saber que alguém tá fluindo, né? na situação porque as coisas estão meia complicadas, então fico feliz de verdade, que as coisas continuam fluindo para você e para todas nós na verdade, né? Eu não tive tempo hoje para andar pela praia e tal, porque tenho muito trabalho em casa, essa coisa toda, que faço outras coisas, mas a última vez que fui também rolou uma parada legal, entendeu? Que bom, que bom...fico feliz mesmo. Um beijo e boa noite.
Porque pra mim é muito novo esse lace da fotografia. Eu como fotografa, né, eu ja me acostumei a ser fotografada por outras pessoas. Agora, eu estar fotografando pra mim foi bem diferente, e quando o pessoal fala que gosta da foto e tudo, o bacana é que eles conseguem enxergar de uma forma diferente da que eu enxerguei, mas tá junto ali, tem tudo a ver com a foto e tal. Então acho que foi mais por ai, porque eu tive uma visão pra fazer a foto, recebi outros comentários sobre a mesma foto, e tudo isso encaixa ali naquela foto, com olhares diferentes, né? Então eu acho que isso foi bem bacana.
Naomi Savage
To em casa agora, hoje fiquei o dia inteiro lá para fazer dois programas. Está horrível a zona, horrível, horrível...To em casa agora. Tá bravo, tá bravo. Mas não pode desistir, amanhã estou lá cedo. Agora estou aqui descansando um pouco.
Tá tudo vazio, estou indo pra casa agora, cansada, estressada, vou descansar. Beijo.
Um olhar, assim, mais analítico, né? Tipo,  quase como se fosse cirúrgico, porque a gente fica pensando,  tem pessoas que estão alienadas, né?  e tem outras pessoas que buscam se desenvolver.
... muito diferente da copa do mundo. A copa do mundo foi bem interessante, deu pra trabalhar muito, olimpíadas não.
Eu sai no morro para procurar aroeira para tomar um banho, porque estava eu doente, minha amiga e o namorado dela dentro de casa. Nós três assim passando mal, e eu falei "gente, vou procurar aroeira para a gente tomar um banho pra, sei la, tirar esse descarrego". E ai acabei subindo uma parte do morro que eu nunca tinha ido, no Chapéu Mangueira. E quando eu to caminhando me deparei com essa imagem, e falei "Caraca que show!" Eu tive que fotografar, claro! Eu achei muito bacana, e assim num lugar bem escondido, um lugar que você jamais imagina que alguém vai desenhar uma imagem...Foi muito legal nesse dia.
Bom dia tudo bem por ai, passei na feira para comprar algumas coisas e estou enviando algumas fotos da feira linda. Bom dia, tchau e beijos.
Vai ter uma candidata aqui uma vereadora ai, como vá asfaltar a rua, estamos fazendo um café da manhã para ela.
Bom dia amigas, eu to vendo aqui o noticiário e tá dando para arrepiar né? O centro da cidade, as lojas, que estava esperando o movimento nas Olimpíadas, tá com o movimento negativo, eles estão desesperados também. Não é só a gente não, é o comércio no Rio e no Brasil todo.
Bom dia galera, tudo bem. Olha as coisas aqui estão bravos, inclusive estou enviando três fotos ai porque a gente está ficando sem opção, da Shakira e Patrike para vocês ficarem olhando para eles. Aqui está tudo bem, vocês estão bem? Amanhã a gente encontra. Tchau e bom dia!
Onde trabalho aqui já até fechou de tão ruim que o movimento foi, o movimento hoje foi muito fraco. Ontem não trabalhei, então, eu ia para rua, mas ai ia tentar, mas dura nem rola né? Eu ia tentar levantar uma grana para eu poder sair e talvez tentar uma coisa em Copa, não sei como está o movimento em Copa.
Ele sempre que pode ele me ajuda, mas ele é muito doentinho, sabe, e não tem muito dinheiro não, tadinho, então ele vem muito dificilmente mas com muito sacrifício ele me ajuda.
Bom dia triste notícia né. A vila pegou fogo em uma das casas e parou o movimento, teve até corpo de bombeiro.
Eu vim na praia agora pra comer uma coisa, e teve um gringo só que entrou em contato, só que eu cobrei $500 e ele reclamou do preço.
As únicas pessoas mesmo que ganharam dinheiro nessa olimpíada foram os donos de Quiosque da zona sul perto da praia vendendo bebida, agua de côco e souvenir para os turistas...eles foram embora e acabou todo.
Eu sai com um cliente que eu saio toda semana, ele me pediu em casamento de novo... fora isso teve aquele cliente escroto pra caralho, que eu xinguei ele, eu não costumo xingar cliente, só se o cara é muito idiota assim, que nem aquele ai, tem gente que merece.
Bom dia coração, tudo bem com você? To mandando uma foto da Shakira porque a Shakira está querendo ir para zona para fazer ponto também. Fica entrando toda hora dentro da bolsa. Para vocês ficarem olhando para ela. Um beijo, até logo, tchau!
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Bom, nessa imagem ai do documentário dos torres gêmeas foi no dia de meu aniversario, e elas estavam desmoronando e eu também. Porque era o dia de meu aniversario, e eu tinha que ficar em casa, desencravar a unha de minha mãe e estudar depois. Eu estava muito triste!
Gabi
Bom dia amigas, para todas, muita saúde muita paz. Eu já estou indo para o serviço tentar
a sorte. Deus no comando.
Gabi
...pra gente, assim, a coisa não não mudou em nada... a gente até esperou que acontecesse algo... não foi nada diferente... absolutamente nada, não aconteceu nada, pelo contrário, é,  muitos estrangeiros que estavam ai em seus momentos de bagunça de de repente estar bebendo uma bebida na rua, não sei, acho que eles são os frustrados, rs, porque eles chegam perto da mulher, admiram, chegaram, eu tive esses momentos várias vezes, mas eles foram bem claros que não pagavam para sexo. Então é isso. Então,  não foi nada de especial.
Beth
De sentimento foi bacana porque eu nunca tinha participado de algo parecido, então
foi muito construtivo pra mim  mesma expressar algumas coisas minhas. Porque a expressão de tudo que eu fotografei e tudo o mais, que não foi só no processo, mas falando diretamente com as pessoas sobre o que eu estava fazendo, isso me deu mais autoconfiança em relação daquilo que eu faço.  Entendeu? Eu sempre fui uma pessoa muito dona de mim, eu acredito que o que eu faço só diz respeito a mim e desde que eu respeite as outras pessoas isso não vai agredir ninguém, nem eu to fazendo mal a ninguém... então as fotos foram momentos felizes pra mim, assim, porque aquela coisa de dizer, ai, eu quero colocar uma foto hoje no grupo, e tal, expressar uma coisa, e eu chegar de madrugada e o dia amanhecendo e tirar uma fotografia do céu ir lá e postar, e as pessoas dizerem, nossa que bacana, que legal, e eu dizer, é no lugar onde eu moro, então foi muito legal, eu me senti muito bem, essa é a verdade.
Beth
“... as pessoas de fora que julgam isso, elas olham pra gente  como se a gente não tivesse vida. O fato de eu me prostituir não significa que eu não seja mãe, que eu não seja mulher,  que eu não seja uma dona de casa, eu faço tudo que uma mulher normal faz, que uma secretaria, uma empresaria, ela chega na casa dela ela faz uma comida, ela toma banho, ela vai ao banheiro, ela cuida do filho, ela amamenta. Então, nós fazemos as mesmas coisas, a gente não é diferente de ninguém, só que as pessoas que julgam isso elas julgam de uma forma como se a gente não tivesse vida, e a gente tem vida como todo mundo. E quando você fala isso perto dessas pessoas que – Nossa, você é uma prostituta. Elas falam como se fosse uma coisa de outro mundo, e é uma coisa muito comum. Na minha visão é. Eu acredito que mesmo que eu não fizesse isso eu ia olhar da mesma forma porque é a minha personalidade. Então isso é o que eu busco muito, isso é muito curioso pra mim, qual vai ser o dia em que as pessoas vão olhar isso de uma forma assim: não, o fato de ela fazer programa, dela se prostituir não significa que ela seja uma mulher desrespeitosa ou que ela seja uma pessoa má ou que ela  esteja fazendo mal a alguém
Beth
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